Petróleo recua forte; crescem temores de recessão após inflação nos EUA
Os preços do petróleo caíam nesta quinta-feira, devido a temores de que aumentos mais fortes das taxas de juros, especialmente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), impactem profundamente o crescimento econômico mundial e, portanto, a demanda petrolífera.
Às 11h25 (horário de Brasília), o petróleo norte-americano cedia 4,33%, a US$ 92,13 por barril, enquanto o petróleo Brent se desvalorizava 3,453%, a US$ 96,12, no mercado futuro.
Os preços do petróleo despencaram nas últimas duas semanas, ficando abaixo da marca de US$ 100 por barril, em razão de preocupações com uma recessão, apesar de as ofertas globais continuarem bastante restritas, na medida em que o Ocidente continua sancionando as exportações petrolíferas da Rússia.
Esses temores foram exacerbados na quarta-feira por notícias de que a inflação ao consumidor nos EUA havia atingido uma nova máxima de 40 anos em junho, além do fato de que os preços ao produtor, divulgados nesta quinta-feira, saltaram 1,1% desde maio no país, mais do que a expectativa de 0,8%.
Isso aumenta ainda mais a pressão para que o Fed intensifique o aperto da política monetária, provavelmente subindo as taxas de juros em 100 pontos-base no fim deste mês, seguindo os passos do Banco do Canadá na quarta-feira.
O Bank of America (NYSE:BAC) (BVMF:BOAC34) previu uma “leve recessão” neste ano nos EUA, principal motor do crescimento mundial, com o PIB do país caindo 1,4% em relação ao ano anterior, na medida em que a inflação aquecida faz os consumidores diminuírem os gastos.
Além disso, a Comissão Europeia cortou sua previsão de crescimento econômico em 2022, enquanto os últimos dados de comércio na China, maior país importador de petróleo, mostraram que as importações petrolíferas diárias do país afundaram em junho, atingindo seu patamar mais baixo desde julho de 2018, com as refinarias se antecipando a uma queda de demanda causada pelos bloqueios sanitários contra a Covid.
Para piorar o sentimento do mercado petrolífero, o dólar intensificou sua valorização, com o DXY, que compara a moeda americana a uma cesta de seis divisas, aproximando-se do seu nível mais forte em duas décadas.
O dólar mais forte geralmente prejudica o petróleo, na medida em que a commodity precificada na moeda americana fica mais cara para detentores de outras divisas.
Dados divulgados pela Administração de Informações Energéticas dos EUA também sinalizaram um enfraquecimento da demanda, com os estoques de petróleo subindo um pouco acima de 3,2 milhões de barris na semana passada, enquanto os estoques de gasolina tiveram um aumento de 5,8 milhões de barris.
“O grande acúmulo nos estoques de gasolina foi impulsionado por um declínio acentuado na demanda implícita durante a semana, com uma queda de 1,35 mbpd”, disseram analista da ING em nota. “Isso fez com que a demanda implícita de gasolina atingisse a média de 8,06 mbpd, nível mais baixo visto nesta época do ano em pelo menos uma década”.
Apesar do cenário de demanda, a oferta continuava gerando preocupações, com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo enfrentando dificuldades para aumentar significativamente seus níveis de produção, em vista da falta de investimento em infraestrutura por parte de vários dos países membros.
O presidente dos EUA, Joe Biden, deve viajar à Arábia Saudita na sexta-feira, a fim de tentar negociar um aumento da produção de petróleo por parte do principal player do cartel, mas não se sabe ao certo qual é a capacidade ociosa do país para solucionar a escassez de oferta.Petróleo recua forte; crescem temores de recessão após inflação nos EUA.
FONTE: INVESTING